domingo, 17 de maio de 2009

Vamos Falar e Escrever Cada Vez Melhor?

Falar e escrever bem ajuda na hora de uma promoção, na hora de arrumar emprego e até para conquistar namorado ou namorada.
O problema muitas vezes aparece na forma de uma simples brincadeira, mas os cientistas que estudam a comunicação entre as pessoas têm bons argumentos para questionar o emprego de termos como "certo" e "errado". Mas o fato é que a sociedade faz uma distinção clara entre ambos. O certo e o errado podem representar a diferença entre ser respeitado ou ridicularizado, parecer culto ou ignorante e, num mundo marcado pelas primeiras impressões. No mundo do trabalho, falar bem e escrever corretamente são os requisitos cada vez mais importantes para conseguir os melhores empregos.

· "Para os cargos mais baixos, esse fator não é levado muito em conta na hora da contratação".

"Já para os níveis médios e altos, como gerência e diretoria, e mesmo nas vagas de trainee de empresas de grande porte, o português conta muitos pontos".

Além de dar uma idéia da origem do candidato, de sua familiaridade com o estudo e a leitura e de sua preocupação com a qualidade do que faz, em tempos de internet o bom português dos empregados ganhou novo valor.

"Grande parte da comunicação com o mercado, que antes era feita por telefone, hoje se dá por e- mail", exigindo mais cuidados. Dominar a língua traz outra vantagem. Transforma a pessoa numa espécie de consultor dos colegas de trabalho para as constantes dúvidas de português que vão surgindo na redação de cartas, projetos e apresentações. Falar e escrever sem erros é só um dos aspectos da língua portuguesa que as empresas valorizam. Elas querem também que seus funcionários saibam se expressar de forma simples e clara.

Atingir tal nível de competência no uso da língua não é tarefa simples que se ensine rapidamente ou por meio de regras fáceis de decorar. Falar e escrever bem são resultado de uma dedicação. Pode levar anos ou uma vida inteira. Mas existem algumas dicas que ajudam quem ainda não chegou lá. A principal é não se deixar intimidar pela chamada norma culta, que serve de referência para definir o certo e o errado. As pessoas imaginam que a língua é fruto de um congresso de sábios , que definiu como se deve falar e escrever. A língua se constrói conforme o uso e o que é considerado certo hoje, amanhã pode virar errado, e vice- versa.

Os especialistas afirmam também que ridicularizar ou corrigir demais pode acabar gerando novos erros. A preocupação excessiva em falar difícil para parecer mais culto também está na origem dos erros que viram moda. Corrigir as pessoas que falam errado pode ser uma atitude positiva, recomendada no caso de filhos, pessoas queridas ou subordinados que precisam comunicar-se corretamente. Mas há quem corrija não para melhorar o outro, mas porque gosta de se ver num patamar acima, em condição de superioridade. Tomar cuidado para não se transformar em alguém assim é também uma lição de bom português.

A verdade é que as pessoas finalmente perceberam que precisam dominar a norma culta do idioma. Quem não consegue articular pensamentos com clareza e correção tem um grande entrave à ascensão na carreira. As angústias dos brasileiros em relação ao português são de duas ordens. Para uma parte da população, a que não teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posições, o problema é sobretudo com a gramática. Para o segmento que teve a oportunidade de estudar em bons colégios, a principal dificuldade é com a clareza. É para satisfazer principalmente a essa demanda que um novo tipo de profissional surgiu: o professor de português especializado em adestrar funcionários de uma empresa.

A dificuldade do brasileiro em falar e escrever de forma a se fazer entender não é apenas conseqüência da tradição bacharelesca. Há outros fatores. Para começar, lê-se pouco no Brasil.

A Câmara Brasileira do Livro divulgou um estudo que mostra que, na verdade, os brasileiros lêem em média apenas 1, 2 livros por ano. Não cultivar a leitura é um desastre para quem deseja expressar-se bem. Ela é condição essencial para melhorar a linguagem oral e escrita. Quem lê interioriza as regras gramaticais básicas e aprende a organizar o pensamento.

A julgar pela máxima do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein - "os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento", os brasileiros que tentam melhorar seu português estão também aprendendo a pensar melhor.

Autora do Artigo:
Maria Rita Quintella é formada em Letras pela PUCRS, pós-graduada em Teoria da Literatura na mesma Universidade, onde integra a equipe de professores-avaliadores das redações do Vestibular. Trabalha com revisão de textos/preparação de originais para editoras e empresas.

Site: http://www.baguete.com.br/colunasDetalhes.php?id=2135 – Acesso em 24 de abril de 2009, às 17 horas e 21 minutos.

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